O empoderamento feminino começa no eu interior da mulher
“Seja uma mulher que levanta outras mulheres”
Há algum tempo a palavra empoderamento está causando um impacto positivo na mente dos camaquenses, com o foco voltado ao público feminino. Contudo vale ressaltar que o significado do conceito tem uma abrangência ampla e pode ser empregado em várias áreas, como dentro de uma empresa ou de uma comunidade. Porém, atualmente, ele é utilizado especificamente para a mulher.
Conforme a psicóloga Micheline Borges, que é uma grande incentivadora do empoderamento feminino na comunidade camaquense, a definição traz a noção de pertencimento das pessoas em algo ou algum lugar. O que para as mulheres se emprega em trazer essa noção de autonomia e autoridade em diversos fatores da vida. A psicóloga é responsável pela iniciativa da criação do coletivo “Ser Mulher”, um projeto que é desenvolvido em Camaquã, o qual tem o objetivo de enaltecer o poder feminino.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
Foto: Ales Cotton
O conceito engloba poder trazer a informação de que a mulher tem que ocupar os espaços da vida dela, sejam eles os espaços dentro da família, comunidade, da forma política ou das questões econômicas. É proporcionar para a mulher o sentimento de se achar e se sentir autorizada em fazer parte de todos os espaços disponíveis na sociedade, além de participar das decisões desses espaços.
Micheline salienta que o empoderamento da mulher tem início no seu eu interior, quando ela começa a tomar as decisões pensando também no seu próprio bem estar. “A mulher já conseguiu muitas conquistas. Ela já atingiu muitos níveis hoje em dia, mas ainda tem algumas coisas que a gente precisa continuar olhando e continuar atenta à essas lutas de posicionamento da mulher”, conta.
Mas para chegar à essa evolução, que ainda é muito constante no mundo todo, as mulheres passaram e continuam passando por intensos desafios diários. Um exemplo de conquista, a qual foi a primeira vitória das mulheres, é o direito de participação das decisões políticas do País. Foi a partir da década de XX que essa liberação foi concedida para o sexo feminino.
Posteriormente foi a entrada da mulher no mercado de trabalho, que aconteceu decorrente às guerras da época. Onde os homens estavam na guerra e muitos não voltavam, o que fez com que as mulheres assumissem os postos de trabalho em fábricas, lavouras e em maquinários. “Foi aqui que muitas delas começaram a gostar de desempenhar essa atividade e de poder contribuir de outra forma, a do trabalho, para a sociedade”, salienta a psicóloga.
Além disso, algumas outras conquistas foram tomando grandeza conforme o tempo foi passando. Outros exemplos de evolução são as questões legais do divórcio, legislações sobre a violência doméstica e os métodos contraceptivos, em que a mulher pode começar a tomar as decisões referentes a ter ou não filhos. Micheline salienta que as mudanças precisam continuar, pois ainda há muita desigualdade entre os gêneros e também na esfera familiar, onde a mulher tem uma sobrecarga de trabalho. “Uma mulher e um homem, eles ocupam o mesmo cargo, fazem as mesmas coisas e ganham salários diferentes”, ressalta.
Mesmo sendo crescente a participação das mulheres no mercado de trabalho e a constante luta pela conquista de seus direitos – quebrando paradigmas, buscando reconhecimento e igualdade, estudando mais, desenvolvendo habilidades, estando mais atentas ao ambiente dos negócios, exigindo respeito quanto ao seu reconhecimento como cidadã̃ – ainda não são suficientes para combater a desigualdade de gênero nas relações de trabalho. E, tudo isso, reflete entre outros fatores, mas diretamente entre os salários masculinos e femininos e nos cargos estratégicos e de liderança dentro das empresas.
Ser Mulher
O coletivo “Ser Mulher” é um grupo que teve início pela psicóloga Micheline Borges, a partir de um objetivo pessoal em identificar os seus propósitos de vida após a sua formação como psicóloga. O projeto teve início a partir disso e tem a intenção de apoiar e incentivar as mulheres. Ele é desenvolvido de semestre em semestre na cidade, com encontros de variadas formas, com o intuito de auxiliar todas as participantes a se empoderarem cada vez mais diante da sociedade.
Micheline destaca que um coletivo nasce a partir da vontade das pessoas estarem reunidas em prol de uma causa e o coletivo “Ser Mulher”, nasceu no dia 16 de março de 2019, a partir de um Encontro de Mulheres na Fazenda Olho D’Água em Camaquã. O momento foi destinado a um dia inteiro dedicado em “Ser Mulher”, com exercícios de autoconhecimento, práticas de meditação, bate papo sobre livros, sobre imagem pessoal e um piquenique para encerrar o dia.
A partir disso, com a vontade de dar continuidade ao grupo, foi criada a logística de um calendário temático de semestre em semestre, com diversas atividades e assuntos distintos que proporcionem o autoconhecimento e empoderamento de todas as mulheres que passam pelo menos por uma das atividades propostas. Para conhecer, participar de um dos encontros ou fazer parte do coletivo é só entrar em contato pelas redes sociais dos grupos, o Facebook (Ser Mulher) e o Instagram (coletivosermulher).