Fazenda de Camaquã é referência em produção sustentável
Executivos da Yara Fertilizantes visitaram a Fazenda Palma para conhecer técnicas de manejo que ampliam produtividade do arroz e no soja
No começo do mês de novembro, executivos, diretores, técnicos e representantes da Yara Fertilizantes visitaram a Fazenda Palma, em Camaquã, modelo de produção sustentável na Metade Sul do Rio Grande do Sul.
Eles foram recebidos por Paulo Fonseca, empresário e fundador da Fazenda Palma, junto com sua esposa Gisela Longaray Fonseca e suas filhas, Paola, diretora da Fortral Máquinas Agrícolas, e Betânia, diretora técnica da Palma e da Rancho King Sementes.
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Representando a Yara, estiveram a presidente da empresa na América, a francesa Crystel Monthean; e o presidente da Yara no Brasil, o norueguês Olaf Hektoen. Eles tiveram a oportunidade de conhecer o manejo aplicado na propriedade.
A Palma tem produção média de 1.200 hectares, com produtividade de 80 sacos por hectare na cultura do soja e 228 sacos por hectare com o grão do arroz. Além disso, a propriedade também cultiva azevém, trevo e pastagem de verão, como capim sudão e sorgo forrageiro.
Durante a visita, Crystel falou sobre a crise de fertilizantes e o possível impacto no preço das principais culturas que movimentam a economia da região de Camaquã.
Crise energética à vista
A representante destacou que a companhia tem acompanhado a crise de oferta de fertilizantes, motivada principalmente pelo aumento expressivo do preço de produção da amônia. A falta da matéria-prima para produção atinge toda a cadeia, sendo um dos principais focos de sua divisão, na tentativa de diminuir ao máximo o impacto aos clientes finais.
Além do aumento de aproximadamente 900% no custo e produção de amônia, problemas logísticos também afetam os produtos. A falta de navios e containers se intensificaram durante a pandemia de Covid-19, agravando a falta da oferta e contribuindo, também, para o aumento dos custos.
No começo do mês de novembro, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2021 trouxe um preocupante alerta para o Mundo do Agronegócio. Realizada na cidade de Glasgow, na Escócia, a COP 26 abriu a discussão sobre a perspectiva de uma queda dramática na produção de alimentos, à medida que o aumento dos preços da energia atinge a agricultura global.
CEO da gigante norueguesa de fertilizantes, Yara International, Svein Tore Holsether receia por uma crise alimentar em escala global: “Quero dizer isso em alto e bom som agora, que corremos o risco de uma próxima safra muito baixa”, disse Holsether, presidente da empresa com sede em Oslo.
Em entrevista à revista Fortune, Holsether destaca que o forte aumento nos preços da energia neste verão e outono resultou na triplicação do preço dos fertilizantes.
Até o momento, o iminente reajuste não deu as caras no Brasil. China e Tailândia, grandes produtores de arroz, já sentem os efeitos da crise energética e a tendência é um aumento no produto brasileiro a partir da próxima colheita.
Produção de amônia afetada
Na Europa, o custo do gás natural atingiu um recorde histórico em setembro, com o preço mais do que triplicando apenas de junho a outubro. A Yara é uma grande produtora de amônia, um ingrediente-chave na produção de fertilizantes sintéticos, que aumenta o rendimento das safras.
O processo de criação de amônia atualmente depende de energia hidrelétrica ou gás natural. Segundo o CEO da empresa, Svein Tore Holsether, “produzir uma tonelada de amônia no verão passado custava cerca de 100 dólares. Agora, custa mil dólares! Isso é inacreditável!”, lamentou.
Holsether destaca que embora alguns produtores possam absorver o aumento e abater com o aumento do lucro, muitos pequenos agricultores não podem arcar com os custos mais altos. Imediatamente, isso reduzirá o que eles podem produzir e diminuirá o tamanho das safras.
Com efeito dominó, esse problema prejudicará a segurança alimentar em regiões vulneráveis, em um momento em que o acesso aos alimentos já está sob a ameaça da pandemia de Covid-19 e das mudanças climáticas, incluindo a seca generalizada.
Energia custa caro
A empresa, cujo maior acionista é o governo norueguês, doou US$ 25 milhões em fertilizantes para agricultores vulneráveis, disse Holsether à revista Fortune. No entanto, a Yara não consegue arcar com os custos de um aumento tão dramático nos preços da energia. Desde setembro, a empresa vem reduzindo sua produção de amônia em até 40% devido aos custos de energia.
A redução da produção de amônia diminuirá o fornecimento de fertilizantes e o tornará mais caro, prejudicando a produção de alimentos. Ainda mais levando em conta que outras grandes empresas do ramo também precisaram reduzir a produção de amônia.