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Família Hartwig: na rota da transformação

A propriedade que coloca a localidade de Monte Castelo na rota da uva, do turismo e da inovação


Por Redação Clic Camaquã Publicado 23/11/2021
Ouvir: 08:53

Quem não tem medo do novo que atire a primeira pedra! É natural, é do ser humano, é da vida. O medo do novo, de mudanças, ou de virar a chave por vezes nos limita. Temos inclusive um ditado popular que diz: “Não se mexe em time que está ganhando”.

Quando falamos em agronegócio familiar, principalmente em uma região com as características da nossa, hora ou outra ouvimos falar sobre diversificação de cultura. Os produtores daqui, em sua grande maioria, fazem do cultivo do tabaco o negócio da família por gerações. 

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A tão falada diversificação de cultura, nada mais é, do que se permitir conhecer algo novo e a partir daí usá-lo para agregar. 

Matrimônio, trabalho e família

Arno Hartwig, 67 anos e Eli Hartwig, 64 anos, são casados há 42 anos. Ambos camaquenses, filhos de agricultores, fizeram da terra a base de sustentação do casal e posteriormente da família. Pais de 5 filhos e avós de 7 netos, se orgulham do passado ao lembrarem de tudo que plantaram para chegar até aqui: “Nós passamos muito trabalho. Quando casamos, a gente não tinha nada. Foi muito sacrifício.” 

A família conquistou o primeiro pedaço de terra em 1982, onde hoje localiza-se o município de Chuvisca. No ano seguinte, 1983, trocaram as terras por outra área localizada na localidade de Freguesia, ficando lá até o ano de 2004, quando adquiriram a propriedade que hoje é a Quinta Monte Castelo.

Cultivo da UVA

No ano de 2007, a família começou a cultivar uva, com o primeiro parreiral. Dona Eli, relata que a Emater teve papel fundamental na transformação do negócio familiar, no estudo e aprendizado da cultura, inclusive com muitas viagens e intercâmbios com produtores de outras regiões do estado. Conforme a matriarca da família, as viagens para aquisição de conhecimento eram bastantes frequentes entre 2006 e 2008, destacando também, que sem a Emater, a Quinta Monte Castelo dificilmente existiria.  

Em uma das excursões, seu Arno convidou um amigo e produtor,  para acompanha-lo até Bento Gonçalves e conhecer a realidade do cultivo da fruta, mas a resposta foi negativa: “Depois que a uva te deixar rico eu planto, tu é louco Arno, que uva que nada”, relembra. 

Em 2020, a Quinta Monte Castelo produziu 10 mil quilos de uva e 3 mil litros de suco, em 2 parreirais. Hoje a família conta com 4 parreirais, um deles começa a produzir esse ano o outro somente nas próximas temporadas. 

Turismo rural 

Em meio a venda da uva in natura, uma demanda natural começou a florescer na propriedade. A família começou a perceber que os clientes que chegavam para buscar a fruta, começaram a ficar admirando as belezas naturais do local, como os parreirais, as árvores, o gramado, os pássaros e o pôr do sol. 

As belezas da propriedade ganharam maior notabilidade quando um grupo de ciclistas chegaram na Quinta. 

“Eles tiraram muitas fotos e então ficamos populares na internet, principalmente no Instagram”, afirma Marcia Hartwig Bugs, filha do casal.

Com isso a família expandiu o negócio e nasceu oficialmente a Quinta Monte Castelo.

Hoje na propriedade, também são produzidos e comercializados, além da fruta e dos sucos: geleias, bolachas caseiras, biscoitos e   cucas. 

Arno e Eli Hartwig, confessam que jamais imaginavam um dia ter uma produção tão significativa da fruta e seus derivados, assim como ter uma propriedade que se tornaria referência de turismo rural na região: “Se alguém me falasse isso em 2005 eu ia dar risada e perguntar se a pessoa estava bem”, conta Arno. 

Além do casal, dois filhos também trabalham na Quinta Monte Castelo, Rodrigo e Marcia Hartwig, 42 e 41 anos respectivamente.

“Trabalhar com meus pais é maravilhoso, estou de volta há um ano, estava morando em outra cidade com minha família. Mudamos de vida, meu esposo trabalhou por 17 anos no setor comercial, meus filhos, um casal, tem uma qualidade de vida espetacular aqui, com o campo e o ar puro. Aqui somos felizes com a nossa família, mudamos para um lugar muito melhor”, destaca Márcia. 

O tabaco segue sendo a renda principal dos Hartwig, mas atualmente é possível encontrar na propriedade mais de 30 culturas das mais variadas espécies e criação de animais. A família está começando também a plantar morangos, e a propriedade já conta com a primeira estufa. 

O papel da Emater/RS

A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul – a Emater/RS, tem como principal objetivo orientar e assessorar agricultores familiares de todas as regiões. Os extensionistas rurais incentivam a diversificação para o pequeno agricultor ter sustentabilidade em sua propriedade, partindo da identificação da aptidão da família. 

É comprovado que a monocultura aumenta o risco de frustração de safra, ou seja, para se resguardar de intempéries ele necessita de ter mais de uma cultura. 

A partir do momento que o agricultor é sensibilizado, a Emater facilita o acesso à todas as políticas públicas e informações para que ele desenvolva a atividades, garantindo o sucesso do seu empreendimento.

Em relação ao turismo rural, a Emater faz um trabalho que busca identificar as propriedades e famílias que possuem a característica e ou o perfil para a atividade de turismo rural, e que estas propriedades possuam atrativos que estimule os turistas.

Em relação às culturas de diversificação, a Emater identifica crescimento da procura pelo plantio de grãos, como por exemplo soja, milho, feijão e arroz. 

Também foi constatado nos últimos anos o aumento do beneficiamento de alguns produtos através de agroindústrias familiares e crescimento no número de pomares de olivais e de uva, como é o caso da família Hartwig. 

Na região de Camaquã, o trabalho da Emater é realizado de forma segmentada pela equipe: Charlise da Silva Nunes, extensionista rural social; Mauro Heitor Tedesco, engenheiro agrônomo e engenheiro agrícola; André Luiz Conceição, extensionista rural e técnico em agropecuária; Emerson da Silva Portes, engenheiro agrônomo; e Valério Sanchez, engenheiro agrônomo.

O escritório de Camaquã está localizado na rua Antônio José Centeno, 162. O número para contato é o (51) 3671-4940. A unidade de Classificação e Certificação fica na avenida Nestor de Moura Jardim, 1240-1370. O telefone é o (51) 3671-1916.

A trajetória dos Hartwig

– A família Hartwig tem uma longa trajetória junto a extensão rural;

– Iniciaram sua trajetória na viticultura, conjuntamente a outras famílias locais com investimentos na diversificação de culturas através de capacitações, orientação técnica e investimentos na propriedade.

– Devido a proximidade com a BR 116, a família, ao divulgar a comercialização de uva in natura durante o período de colheita, manteve um fluxo interessante de visitantes a propriedade.

– Com o aumento da produtividade, a qualidade dos produtos e uma necessária divulgação da produção, em 2019 promovemos, junto com as parcerias um evento intitulado 1ª Mostra da Viticultura de Camaquã, aonde foram apresentados os produtos bem como as propriedades. 

– Identificando o potencial turístico da propriedade da família Hartwig, atualmente a equipe da Emater juntamente com os parceiros (Secretaria Municipal de Agricultura, Sicredi, Sebrae e Afubra), proporcionam vários espaços de formação e orientação com o objetivo de estruturar a propriedade para receber turistas, qualificando os espaços bem como os produtos a serem oferecidos.

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