CTG Camaquã elege primeira patroa em 60 anos de história
O CTG Camaquã é o local de tradição, cultura e lazer há seis décadas para as famílias camaquenses

“Camaquã pelo Rio Grande” é o lema que guia o Centro de Tradições Gaúchas que completou 60 anos de história em 2023. O CTG Camaquã é o local de tradição, cultura e lazer há seis décadas para as famílias camaquenses. Em eleição ocorrida no dia 15 de março de 2024, foi eleita a primeira patroa de sua história.
O Centro de Tradições Gaúchas Camaquã foi fundado em 29 de outubro de 1963 por um grupo de amigos que sentia a necessidade de um local para as práticas campeiras e tradicionalistas. O terreno as margens do Arroio Duro, doado na época por Renato Centeno Crespo, um dos fundadores, é onde a sede se localiza até os dias atuais, na rua Padre Hildebrando Pedroso, 277. O lema e o brasão do CTG são de autoria de Clarimundo Albuquerque também pertencente ao grupo fundador. Hoje o CTG Camaquã conta com 403 sócios.
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O CTG é regido por estatuto próprio e comandado por uma diretoria composta patrão, vice patrão, tesoureiros e secretários, eleitos a cada dois anos através de votação, juntamente com o conselho de vaqueanos. Além desses cargos, cada diretoria dispõe de seus departamentos. Hoje a atual diretoria trabalha com os departamentos Cultural, Artístico, Campeiro, Social, Esporte, Marketing, Captação de Recursos e Projetos, ainda o departamento Jovem e dentro do departamento Campeiro um departamento feminino.

Atualmente, o CTG Camaquã realiza dentre vários eventos sociais, o Rodeio da Mulher que ocorre no mês de março, o tradicional Rodeio de Maio, um evento Estadual, a Semana Farroupilha em setembro e o Sarau da Prenda Jovem juntamente de seu aniversário em outubro. Além do incentivo aos seus grupos de invernadas e associados de participarem de concursos de todas as modalidades artísticas, culturais e campeiras.
Lisele Storck da Silva
A primeira patroa, em 60 anos de história do Centro de Tradições Gaúchas Camaquã é Lisele Storck da Silva, de 45 anos. A camaquense nasceu em 14 de novembro de 1978, filha de Nairo Daniel da Silva e de Claudete Maria Storck da Silva. Além disso, é sobrinha-neta de Agripino Lucena, uma figura de renome em várias patronagens da instituição e fundador do Piquete Panela Preta, outra entidade camaquense que a família participa ativamente até hoje e onde seu pai, foi Patrão por algumas vezes.
Vinda de uma família ligada as tradições gaúchas, aos 10 anos já dançava no grupo de invernada artística chamado Família Nativista Raízes do Rio Grande. Após, passou a frequentar o grupo de folclore Esteio da Tradição. Já na invernada adulta, devido problemas internos e posterior extinção do Esteio da Tradição todo grupo de invernada foi acolhido pelo CTG Camaquã e seguiu participando de grandes eventos e festivais, chegando a classificar-se ao Fegart na cidade de Farroupilha, festival que após reformulação deu origem ao atual ENART que ocorre na cidade de Santa Cruz anualmente.

Aos 18 anos passou no vestibular e se mudou para Bagé para cursar Bacharel em Fisioterapia. No início da vida acadêmica ainda voltava regularmente à cidade para dançar nas invernadas, porém, em razão da distância, precisou parar.
Após se formar em 2001, atuou em Porto Alegre durante um ano e acabou por retornar para Camaquã. Nestes períodos, Lisele abriu a sua clínica particular. Ela destaca que uma de suas motivações para retornar à Camaquã foi primeiramente a família e também o gosto por participar dos eventos do CTG.

Primeira patronagem feminina do CTG Camaquã
Em março de 2024, a chapa liderada por Lisele Storck da Silva foi eleita.
Lisele destaca que não tinha vontade de ser patroa e que já havia participado de patronagens anteriores como diretora social e cultural do CTG Camaquã, e nos últimos anos, voluntariamente, da organização da invernada adulta da casa. No período que antecedeu a atual gestão, Lisele destaca que observava algumas coisas que estavam em desacordo com o seu pensamento e de outros membros. Então, resolveram colocar-se à disposição para eleição e com o incentivo de colegas e amigos colocou seu nome para patroa.
Questionada sobre o porquê de ser a primeira patroa em 60 anos, Lisele respondeu que originalmente os cargos eletivos sempre foram masculinos, como em todos os segmentos socias, existe um certo machismo existente institucional, mesmo que negado, evidente em pequenos detalhes do cotidiano da sociedade e dentro dos CTGs e demais entidades. Aos poucos, esta situação está sendo trabalhada pela atual patronagem, como vem sido trabalhada na sociedade civil ao longo dos anos até os dias atuais.
Como esta é a primeira vez que o CTG Camaquã tem uma patroa, Lisele conta que resolveu fazer uma homenagem às mulheres da casa colocando estas como membros da diretoria, mesmo os sócios sendo os maridos, com total apoio e reverencia deles. Citando sua fiel escudeira e vice patroa, a senhora Tania Roloff, como exemplo.

De acordo com a patroa, a patronagem atual vem focando em fazer um resgate histórico com a leitura de livro de Atas, material histórico encontrado na secretaria da casa e fornecido por familiares dos fundadores, fazendo assim uma retomada da verdadeira história do gigante da beira do Arroio Duro. São inúmeras pessoas que se doaram ao CTG, prendas e peões que tão bem representaram essa casa e nossa 16°RT. A região, segundo ela, é uma das mais ricas em títulos de peões Farroupilhas do Estado, por exemplo.
A entidade tem projetos estruturais e necessidades grandiosas para o futuro, como aumentar quadro social, valorizar e trazer de volta os sócios antigos e inativos, bem como assegurar o bom convívio dos grupos de danças e os sonhos destes dançarinos em desbravar rodeios e se colocar entre os grandes nomes da artística do RS nos festivais como ENART, JUVENART E FESTMIRIM.
Também há as atividades socias como Jantar Dançante, Café Colonial, Tertúlias, torneios esportivos como o de truco, a parte dos talentos individuais como declamação e chula, ainda seguir cativando nossos jovens e fomentando a parte campeira.

De acordo com Lisele, estar a frente de um grande CTG como o Camaquã requer estar rodeada de uma equipe forte que ame o que faz e que conduza a entidade plenamente como ela requer, no âmbito cultural, artístico e campeiro, priorizando as amizades e a honestidade que sempre norteiam a todos os gaúchos.