Estudo revela impacto do contexto socioeconômico e tabagismo materno na saúde respiratória de crianças da Região Carbonífera
Os estudos foram realizados com 396 crianças de sete a 12 anos

Um artigo da “Anais da Academia Brasileira de Ciências” por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) publicado nesta sexta-feira (4) mostrou que crianças da Região Carbonífera de famílias vulneráveis socialmente, mães tabagistas e com baixo peso ao nascer são mais propensas a desenvolver respiratórias.
A averiguação ocorreu em cidades onde há atividade mineradora em minas de carvão. As cidades onde os estudos ocorreram foram: Candiota, Bagé, Aceguá, Hulha Negra, Pedras Altas, Pinheiro Machado e Herval. A região abriga 40% das reservas de carvão do Brasil.
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O estudo avaliou 396 crianças de sete a 12 anos, em que nove a cada dez viviam em residências com renda per capita menor que meio salário. Destas, 24% (cerca de 95) das mães fumaram durante a gestação e 36% (cerca de 142 crianças). O trabalho foi realizado para alertar as autoridades sobre a potencialização dos problemas respiratórios em contexto de poluição ambiental.
A pesquisa ainda revela que 19% (cerca de 75) das crianças tiveram pneumonia. Entre as crianças com histórico de problemas respiratórios, as chances de ter função pulmonar alterada foram de 100%, e a presença de um fumante em casa aumentava em 33% essa prevalência. Já as crianças com histórico de baixo peso ao nascer tiveram uma alteração 61% maior na função respiratória.
O estudo socioeconômico e as informações sobre o nascimento foram realizadas por meio de um questionário. Já a avaliação da capacidade pulmonar foi através do exame do sopro. O grupo também coletou informações sobre a qualidade do ar local.
Entre as crianças avaliadas, 31 (quase 8%) apresentaram função pulmonar alterada. A prevalência é similar à de outras áreas industriais no Brasil, mas menor do que o esperado pelos pesquisadores inicialmente.
Os dados foram enviados para as secretarias de saúde municipais e para as secretarias de educação para orientar políticas públicas para prevenção de problemas respiratórios, de acordo com os pesquisadores. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão licenciador das usinas termelétricas, também foi informado para auxiliar em ações de gestão ambiental.