Rio Camaquã: Um tesouro natural do RS
Localizado no coração do Rio Grande do Sul, o Rio Camaquã é responsável por uma das mais importantes bacias hidrográficas do Estado; saiba mais


Você já se perguntou onde nasce o Rio Camaquã e qual é, de fato, a sua verdadeira extensão? Embora pouco mencionado em manchetes, esse rio desempenha um papel essencial no equilíbrio ambiental e no abastecimento de diversas comunidades gaúchas.
Localizado estrategicamente no coração do Rio Grande do Sul, o Rio Camaquã percorre paisagens deslumbrantes e abastece uma das bacias hidrográficas mais importantes do Estado.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
Além disso, sua importância vai muito além da geografia. Ele influencia diretamente a agricultura, a biodiversidade e até o turismo de toda a região. Por isso, entender suas origens, seu trajeto e seu impacto é essencial para valorizar ainda mais esse tesouro natural.
Neste conteúdo, vamos explorar onde tudo começa, qual é o real tamanho do Rio Camaquã e por que ele merece a atenção de todos os gaúchos — e também de quem ama a natureza.
O que significa Camaquã?
A origem da palavra Camaquã é indígena, vinda do tupi-guarani, e revela muito sobre o comportamento das águas que dão nome tanto ao rio quanto ao município.
Segundo o pesquisador Antônio Cândido Silveira Pires, uma das interpretações mais adequadas é que Camaquã vem de Icabaquã — uma junção dos termos “I”, que significa rio ou água, e “Cabaquã”, que quer dizer velocidade, correnteza.
Ou seja, o nome pode ser traduzido como “rio correntoso” ou “rio forte“.
Essa leitura faz total sentido quando observamos a paisagem natural da região. O Rio Camaquã, que corta o coração do Rio Grande do Sul, é conhecido por suas águas vivas, caudalosas e cheias de energia, especialmente em trechos mais estreitos e acidentados.
Além disso, ele moldou a geografia e a história de várias comunidades ao longo de seu trajeto.
Onde fica o rio Camaquã?
O Rio Camaquã está localizado no estado do Rio Grande do Sul, mais precisamente na região centro-sul, entre a Campanha Gaúcha e a Lagoa dos Patos.
Ele nasce na Serra do Sudeste, entre os municípios de Lavras do Sul e Caçapava do Sul, e segue um percurso sinuoso que revela a beleza e a diversidade natural do Estado.
Além disso, seu trajeto cobre aproximadamente 430 quilômetros, ligando serras, planícies e áreas de várzea.
Ao longo do caminho, o rio cruza municípios como Lavras do Sul, Pinheiro Machado, Piratini, Bagé, Santana da Boa Vista, Canguçu, Amaral Ferrador, São Lourenço do Sul, Cristal e Camaquã (que leva seu nome).
Por isso, o Rio Camaquã não apenas corta o território gaúcho — ele o conecta de forma estratégica e vital. Assista o vídeo abaixo e saiba mais sobre o tema:
Onde nasce o rio Camaquã?
Embora muitos pensem que o Rio Camaquã tem uma única nascente visível, a sua origem é, na verdade, o resultado da união de diversos cursos d’água.
Mais especificamente, ele nasce na região da tríplice divisa entre os municípios de Lavras do Sul, Bagé e Caçapava do Sul — um ponto estratégico que carrega a essência geográfica e histórica da metade sul do estado.
De forma mais técnica, a nascente oficial do Rio Camaquã é formada pela confluência do Arroio do Hilário com o Arroio Camaquã Chico.
A partir desse encontro, as águas ganham força e seguem em direção à Lagoa dos Patos, criando um dos rios mais importantes da bacia hidrográfica gaúcha.
A bacia hidrográfica do Rio Camaquã
A Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã é uma das mais importantes do Rio Grande do Sul, tanto em termos ambientais quanto sociais e econômicos. Em área total, ela é a quarta maior bacia hidrográfica do Estado.
Localizada na Região Hidrográfica do Litoral, ela ocupa uma extensa área no centro-sul do estado, sendo moldada por dois grandes conjuntos geomorfológicos: o Escudo Sul-Rio-Grandense e a Planície Costeira.
Graças a essa diversidade geológica, a região apresenta uma rica variedade de paisagens, fauna e flora.
Com uma área de impressionantes 21.657,1 km², a bacia abrange, total ou parcialmente, 28 municípios gaúchos.
Além disso, a região abriga uma população estimada em 245.646 habitantes (dados de 2020), dos quais quase metade vive na zona rural. Isso evidencia a forte conexão entre os recursos hídricos e as atividades agrícolas da região.
A bacia do Rio Camaquã também está inserida em um cenário ecológico de grande relevância.
Ela se estende por dois biomas distintos: o Pampa e a Mata Atlântica, ambos reconhecidos por sua biodiversidade e por enfrentarem desafios de conservação.
Por esse motivo, a preservação das águas e dos ecossistemas associados ao rio é essencial para garantir o equilíbrio ambiental da região.
Limites e conexões naturais
Geograficamente, a bacia do Rio Camaquã faz fronteira com outras importantes bacias hidrográficas.
Ao norte, está limitada pelas bacias do Lago Guaíba, Baixo Jacuí e Vacacaí–Vacacaí Mirim.
A oeste, faz divisa com a bacia do Rio Santa Maria, enquanto ao sul, se conecta com as bacias do Rio Negro e Mirim–São Gonçalo.
Essa rede hídrica interligada reforça o papel estratégico do Camaquã como elo entre diversas regiões do estado.
Quais são os afluentes do rio Camaquã?
A vitalidade do Rio Camaquã depende de um conjunto robusto de afluentes e arroios que alimentam suas águas ao longo do percurso.
Entre os principais cursos d’água que integram essa malha hídrica, podemos destacar: Arroio Camaquã Chico, Arros do Jacques, Arroio das Lavras, Arroio do Hilário, Arroio Maricá, Arroio Sutil, Arroio Duro, Arroio João Dias, Arroio São Lourenço, Arroio da Sapata, Arroio Evaristo, Arroio dos Ladrões, Arroio Maria Santa, Arroio Pantanoso, Arroio Boici, Arroio Torrinhas e Arroio da Mantiqueira.
Esses afluentes não apenas alimentam o rio, mas também formam microbacias que sustentam atividades rurais, abastecem pequenas comunidades e mantêm áreas úmidas que são essenciais para a fauna local.
Quais municípios fazem parte da bacia do Rio Camaquã?
A Bacia Hidrográfica do Rio Camaquã é uma das mais relevantes do Rio Grande do Sul, não apenas por sua extensão territorial, mas também pela diversidade de municípios que abriga em seu interior.
Ao todo, são 28 municípios que estão total ou parcialmente inseridos nessa bacia, espalhando-se por uma área de mais de 21 mil km².


A seguir, conheça quais cidades fazem parte da bacia e qual é o percentual de seus territórios abrangido pelas águas do Camaquã:
- Amaral Ferrador (100%)
- Arambaré (100%)
- Arroio do Padre (48%)
- Bagé (51%)
- Barão do Triunfo (23%)
- Barra do Ribeiro (7%)
- Caçapava do Sul (29%)
- Camaquã (100%)
- Canguçu (73%)
- Cerro Grande do Sul (86%)
- Chuvisca (100%)
- Cristal (100%)
- Dom Feliciano (71%)
- Encruzilhada do Sul (60%)
- Lavras do Sul (53%)
- Pinheiro Machado (57%)
- Piratini (44%)
- Santana da Boa Vista (78%)
- São Jerônimo (14%)
- São Lourenço do Sul (100%)
- Sentinela do Sul (68%)
- Tapes (83%)
- Turuçu (42%)
Mesmo com pequena participação territorial, Cachoeira do Sul, Dom Pedrito, Hulha Negra, Pelotas e São Gabriel também integram a bacia hidrográfica.
Consequentemente, sua gestão ambiental precisa levar em conta essa conexão, ainda que indireta.
Desta forma, cada um desses municípios possui um papel crucial na gestão compartilhada dos recursos hídricos da bacia. Afinal, o que acontece em uma parte do rio — como desmatamento, poluição ou irrigação intensiva — pode impactar todo o sistema.
Onde deságua o Rio Camaquã?
Depois de percorrer cerca de 430 quilômetros, o Rio Camaquã deságua na Lagoa dos Patos, entre os municípios de Camaquã e São Lourenço do Sul.
Em geral, a vazão média do Rio Camaquã, nas proximidades da foz, é de 304 m³/s. No total, sua área de drenagem é de 15.543 km².
Esse desfecho não é por acaso. A Lagoa dos Patos é a maior lagoa do Brasil e uma das maiores da América do Sul, funcionando como um grande reservatório natural que recebe as águas de diversas bacias hidrográficas — entre elas, a do Rio Camaquã.
Além disso, essa conexão entre rio e lagoa tem um papel estratégico no equilíbrio ambiental da região.
À medida que o Camaquã deságua, ele contribui para manter o nível da lagoa, reabastecer áreas de várzea, sustentar ecossistemas aquáticos e garantir a sobrevivência de inúmeras espécies de fauna e flora.
As características do Rio Camaquã
O Rio Camaquã está localizado em uma antiga zona de falha geológica. Desde suas nascentes até o curso final, o rio atravessa um relevo bastante antigo, já bastante desgastado pela ação constante da erosão.
Como resultado desse processo milenar, formações sedimentares predominam ao longo do seu leito, permitindo o transporte de materiais como a areia. Por isso, é possível encontrar diversas pequenas praias fluviais em seu percurso.
Além disso, o sistema de drenagem do Rio Camaquã se apresenta de forma dendrítica, ou seja, ramificada como as raízes de uma árvore.
No entanto, à medida que o rio avança em direção ao seu curso inferior, seu traçado torna-se significativamente mais retilíneo, evidenciando uma mudança marcante em sua morfologia.
Outro ponto de destaque é a diversidade do relevo presente na bacia hidrográfica do rio. Ainda que muitos não saibam, a região abriga morros formados por rochas cristalinas e pré-cambrianas, algumas das mais antigas da crosta terrestre.
Por esse motivo, a paisagem se alterna entre campos sujos, com arbustos espalhados e vegetação rasteira, e áreas de depressão — os chamados passos — esculpidas há milhares de anos pelos próprios cursos d’água.
No extremo sul do município de São Jerônimo, ergue-se o ponto mais alto da bacia: o Cerro Quitéria, com 599 metros acima do nível do mar.
Mesmo assim, as altitudes médias da região oscilam entre 180 e 400 metros.
Assista o vídeo abaixo e entenda mais sobre a geografia do rio e o seu papel nas últimas inundações no Estado: