Reforma Agrária no Banhado do Colégio completa 63 anos
Até hoje, muitas pessoas ainda defendem que o Banhado do Colégio foi o berço da Reforma Agrária no Brasil; confira a entrevista sobre o tema


Até hoje, muitas pessoas ainda defendem que o Banhado do Colégio foi o berço da Reforma Agrária no Brasil. O distrito, localizado no interior de Camaquã, no Rio Grande do Sul, teve a redistribuição de suas terras iniciada em 1962.
Na ocasião, o então governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, criou o Instituto Gaúcho de Reforma Agrária, um órgão do governo do Estado voltado a solucionar o problema da terra no estado.
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Entre as medidas adotadas pelo Instituto se contam a demarcação do Banhado do Colégio, em Camaquã, para assentamento de agricultores, e o estímulo aos abaixo-assinados para concessão de outros lotes, segundo a legislação vigente que previa este recurso.
O que era o Banhado do Colégio?
O Banhado do Colégio era uma fazenda pertencente a Florisbelo de Oliveira Netto e sua família.
Desde o início do século XX, essa região conhecida como baixo Rio Camaquã consolidou-se como um polo produtivo voltado para o cultivo de arroz irrigado.
O dinamismo econômico proporcionado por essa atividade atraiu a atenção tanto de investidores quanto do poder público, tornando a área de grande interesse estratégico.
A construção da Barragem do Arroio Duro intensificou disputas e conflitos entre diferentes grupos da região. Além da possível desapropriação, a questão central envolvia a socialização dos benefícios da obra, gerando embates sobre quem realmente se beneficiaria do novo cenário agrícola e econômico.
Apesar da previsão de um programa de redistribuição de terras, sua implementação enfrentou forte resistência. Como consequência, a iniciativa foi interrompida após beneficiar menos de 10% da área total, o que equivale a aproximadamente 3.645 hectares.
A Reforma Agrária de Brizola
Por se tratar de um banhado, o acúmulo de húmus era muito grande, favorecendo as safras recorde na rizicultura gaúcha. Leonel Brizola planejava a reforma agrária nestas terras, que eram produtivas – contrariando todos os aspectos relativos a esse tipo de reforma.
A primeira concessão de lotes ocorreu em 1962, último ano do governo Leonel Brizola. Foram distribuídas terras de 20 a 25 hectares para 134 famílias, marcando o início do processo conhecido como Reforma Agrária do Banhado do Colégio.
A área de banhado foi seca e transformada em terra produtiva para o cultivo de arroz irrigado.
Como aconteceu a Reforma Agrária?
No dia 22 de janeiro de 1962, foi realizada uma assembleia onde hoje está o cruzamento da avenida Presidente Vargas com a rua Bento Gonçalves – onde, atualmente, está o Centro de Camaquã. Dali, os membros partiram para uma área da localidade, onde foi posta uma cruz e rezada uma missa.
No dia 30 de janeiro do mesmo ano, Brizola desapropriou 19.106 hectares de terra até então infértil, que ainda naquele ano, seria transformada em terra própria para o cultivo do arroz. A área era pública e de propriedade do Estado, que apoiou a causa e cedeu às terras para a ação de Brizola.
No dia 27 de junho de 1962, o governador esteve no local e distribuiu 134 colônias. Logo depois disso, o Governo construiu a Cooperativa, uma escola e realizou obras necessárias para que as famílias pudessem viver no local.
A escolha do Banhado do Colégio
O Banhado do Colégio foi escolhido para abrigar o assentamento rural por uma característica singular: ele está localizado em uma área de alta fertilidade, resultado direto da drenagem de um antigo banhado.
Esse banhado de deságue formou-se ao longo dos anos como um depósito natural de sedimentos transportados pelo Arroio Duro.
A construção da Barragem do Arroio Duro foi o fator determinante para a transformação dessa paisagem, permitindo a conversão das terras, que antes eram alagadas, em áreas produtivas para a agricultura.
Essa mudança teve forte impacto na comunidade local e foi viabilizada por um investimento substancial de recursos públicos.
Assista o vídeo abaixo e entenda como funciona uma reforma agrária:
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