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Proibir ou fiscalizar mais? Lideranças gaúchas debatem deriva do 2,4-D

Lideranças de cooperativas e associações de fruticultores pediram a proibição do defensivo enquanto outros setores pediram mais fiscalização para punir a má aplicação


Por Pablo Bierhals Publicado 03/04/2025
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Foto: ILUSTRATIVA/Lavoura/2,4-D

O uso de herbicidas hormonais na soja, como é o caso do 2,4-D, esteve em discussão durante audiência realizada nesta quinta-feira (3) na Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Lideranças de cooperativas e associações de fruticultores pediram a proibição do defensivo enquanto outros setores pediram mais fiscalização para punir a má aplicação que resulta em deriva.

De acordo com Rosana Wagner, presidente da Associação Vinhos da Campanha Gaúcha, que se identificou como a “enóloga mais antiga da fronteira”, sua produção contabiliza 50% de perda em razão da aplicação do herbicida hormonal em lavouras de soja. De forma incisiva, ela questiona quem vai pagar seu prejuízo.

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Não existe dia propício, o problema não é a deriva é o produto em si”, afirmou Rosana ao defender a proibição do produto. Segundo os produtores, principalmente fruticultores, o uso do 2,4-D em lavouras de soja próximas de suas propriedades causa perdas “graves” na produção.

O professor Vagner Brasil, da Universidade Federal de Pelotas, citou dados comprovados por testes de laboratório sobre efeitos do produto nos olivais. Segundo ele, é comprovado cientificamente que a deriva do herbicida hormonal faz com que a oliveira reduza a fotossíntese e o tamanho dos tubos polínicos. Este fator, conforme o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) resulta em redução de até 50% na produção ao ano.

Proibir ou fiscalizar mais?

Por outro lado, outras lideranças também defenderam que proibir não resolve, mas sim a fiscalização “mais rígida”, para penalizar a má aplicação. De acordo com o deputado estadual Marcus Vinícius (PP), “não podemos ter uma cultura que se sinta mais importante que outra”, e continuou, “mas não podemos aceitar que a solução para tudo seja a proibição”. O deputado Guilherme Pasin afirmou que “proibir parece a resposta mais fácil, mas o estado não consegue controlar sequer o manejo”.

Em sua fala, Pasin também lamentou que “em uma semana que aprovamos nesta casa uma lei que institui o vinho e espumante a condição de símbolo do estado, estamos aqui reunidos porque o setor está morrendo”.

O professor Aldo Merotto, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, corroborou com o discurso contrário a proibição. Segundo ele, o caminho mais viável, que é seguido em outros países, é a criação de zonas de exclusão e períodos de defeso.

Ao longo da audiência, também se manifestaram outras autoridades políticas presentes e representantes de entidades como a FETAG, Farsul, Emater e MAPA.

A audiência foi solicitada pelo deputado Elton Weber (PSB), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha e da Frente Parlamentar da Vitivinicultura e Fruticultura. O presidente da Comissão de Agricultura, deputado Zé Nunes (PT), garantiu um olhar especial para o tema durante seu mandato.

Assista a transmissão completa na TV Assembleia:

Texto: Pablo Bierhals

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