“É uma questão de bom senso”, afirma deputado sobre possibilidade de restringir uso de 2,4-D nas lavouras de soja
O uso de herbicidas hormonais na soja esteve em discussão durante audiência realizada nesta quinta-feira (3) na Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul


Uma vinícola de Dom Pedrito estima prejuízo de R$ 24 milhões desde 2017, e o Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) calcula uma redução de até 50% em produção ao ano por deriva de 2,4-D. É em razão destes prejuízos sofridos por fruticultores gaúchos que o uso do herbicida hormonal, amplamente utilizado em lavouras de soja, vem sendo debatido pelo setor há mais de dez anos.
- Deriva: um problema que precisa ser debatido com seriedade
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A Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, presidida pelo deputado estadual Zé Nunes (PT) decidiu enfrentar a situação. Nesta quinta-feira (3), foi realizada uma audiência pública sobre o tema, proposta pelo deputado Elton Weber (PSB), presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Gaúcha e da Frente Parlamentar da Vitivinicultura e Fruticultura.
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Proibir ou fiscalizar mais?
No encontro, lideranças de cooperativas e associações de fruticultores pediram a proibição do 2,4-D enquanto outros setores pediram mais fiscalização para penalizar a má aplicação que resulta em deriva.
A enóloga Rosana Wagner, presidente da Associação Vinhos da Campanha Gaúcha, questionou quem vai pagar pelo prejuízo. Segundo ela, o problema não é a deriva, mas sim o produto em si, que gera problemas independente do método utilizado para sua aplicação. Os produtores de soja, por outro lado, dizem que o herbicida é necessário. De acordo com o deputado estadual Marcus Vinícius (PP), “não podemos ter uma cultura que se sinta mais importante que outra”, e continuou, “mas não podemos aceitar que a solução para tudo seja a proibição”. O deputado Guilherme Pasin afirmou que “proibir parece a resposta mais fácil, mas o estado não consegue controlar sequer o manejo”.
Em entrevista ao programa Campo em Dia desta sexta-feira (4), o presidente da comissão, Zé Nunes, questionou o argumento dos colegas parlamentares. Segundo Zé, “é mais fácil controlar a proibição do que fiscalizar a aplicação”. No entanto, o parlamentar, que também formado em agronomia, não definiu que proibir seja o melhor caminho. A comissão vai estudar o tema, com auxílio especialistas, para formular um projeto de lei que deverá ser apresentado ao Governo do Estado em quatro meses.
O objetivo, segundo o deputado, é que o próprio governador apresente o projeto na Assembleia Legislativa.
Embora os fruticultores presentes na audiência tenham clamado pela proibição do 2,4-D, serão analisadas outras três possibilidades.
- Suspender o uso por até três anos
- Criar “zonas de exclusão” para o uso do produto
- Criar “períodos de defeso” para o uso do produto
De acordo com Zé Nunes, uma cultura não pode se sobrepor a outra. “É uma questão de bom senso”, afirmou o parlamentar em entrevista ao Campo em Dia ao defender que todo produtor precisa ter seu direito de produzir.
Campo em Dia
De segunda a sexta-feira, das 7h às 8h, o programa Campo em Dia traz as principais atualizações do agronegócio através do aplicativo da Clic Rádio, Facebook e YouTube do Clic e Rádio Farol FM, de Arambaré.
Assista a entrevista completa com o deputado Zé Nunes:
Texto: Pablo Bierhals