Deputado apresenta panorama da agropecuária gaúcha na Comissão de Agricultura
O parlamentar, que preside a comissão, apresentou uma série de pautas prioritárias para a Comissão de Agricultura com destaque o fortalecimento da agroindústria gaúcha


Na reunião ordinária desta quinta-feira (20), o presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca e Cooperativismo da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Zé Nunes (PT), apresentou um diagnóstico detalhado da agropecuária no estado. O documento, com mais de 30 páginas, aponta um cenário de recuo ou estagnação em quase todas as principais atividades agropecuárias gaúchas.
Histórico e relevância da agropecuária no RS
Durante sua apresentação, Zé Nunes destacou a importância do setor para a formação histórica, cultural, econômica e social do estado. Ele traçou um panorama desde a introdução do gado nos campos do Sul até a ocupação do Norte por colonos europeus, culminando na modernização da agropecuária com altas produtividades e avanços tecnológicos.
📱 Clique para receber notícias de graça pelo WhatsApp.
“Nosso estado foi pioneiro e referência no desenvolvimento da atividade primária, servindo de exemplo e modelo para todo o país”, afirmou o deputado.
Ele também ressaltou o papel do Rio Grande do Sul na pesquisa e no ensino agrícola, citando a criação da segunda faculdade de agronomia do Brasil, em 1883, na cidade de Pelotas, como um marco no avanço do setor.
Principais desafios do setor agropecuário
Entre os pontos analisados no relatório, a agricultura familiar foi destacada como um pilar fundamental para o desenvolvimento econômico-social do estado. No entanto, o levantamento apontou uma redução expressiva no número de propriedades rurais familiares, com menos 84.665 unidades registradas na última década.
Já na agricultura empresarial, o documento mostra que essa modalidade responde por 62,6% do valor da produção agropecuária estadual. No entanto, apesar de ocupar mais de 74% da área agricultável do estado, emprega apenas 27,8% da mão de obra do setor.
Outro ponto de preocupação são as cadeias agroindustriais, como leite, suínos, aves, arroz, soja, feijão, fruticultura, bovinos de corte e pesca. “Com exceção da soja, todas as outras cadeias produtivas tiveram reduções significativas nos últimos anos. No caso específico das cadeias de suínos e aves, houve um grave problema na produção de milho, principal insumo para a alimentação dos animais. O RS produz cerca de 4 milhões de toneladas de milho, mas a demanda é superior a 6 milhões, o que evidencia a estagnação e a perda de competitividade do setor para estados como Paraná e Santa Catarina”, explicou o deputado.
Outros fatores críticos e impactos ambientais
A radiografia da agropecuária gaúcha também abordou temas como assentamentos da reforma agrária, comunidades quilombolas e os desafios enfrentados pelo cooperativismo no estado. Além disso, foram analisados os impactos das mudanças climáticas, com sucessivas estiagens e enchentes que causaram prejuízos bilionários ao setor primário.
O diagnóstico apontou ainda a falta de políticas públicas robustas para enfrentar os desafios do setor. “Nos últimos anos, programas tímidos e praticamente protocolares substituíram políticas estruturadas para combate às estiagens, conservação do solo e crédito rural. Além disso, houve desarticulação e enfraquecimento de programas existentes”, criticou Zé Nunes.
Propostas para o futuro da agropecuária gaúcha
Ao final da apresentação, o deputado sugeriu uma série de pautas prioritárias para a Comissão de Agricultura. Entre os temas indicados estão o fortalecimento da agroindústria gaúcha, a cadeia da proteína animal, planos safra nacional e estadual, pesca, cooperativismo, produção de milho, agrotóxicos, comunidades tradicionais do campo, reforma agrária, impactos climáticos, sucessão rural e crédito fundiário.
“São tempos novos e desafiadores que temos que enfrentar, principalmente com relação às mudanças climáticas, reforma agrária e acordo do Mercosul-União Europeia”, concluiu o parlamentar.