Buenos Aires, um antigo e eterno amor

Leia a coluna de Lívia Dalpiaz, dentista e curiosa pelo mundo, mochileira adepta a descobrir o que mais lindo e desafiador existe nos lugares e nas pessoas.
Já fui algumas vezes a Buenos Aires.
Em vários contextos de vida, fiz intercâmbio entre colégios Maristas e fiquei na capital portenha aos 14 anos, fui com meu irmão, fui com minha família, fui em um antigo relacionamento, mas o mais sensacional:
Fui com minhas amigas em 2010!
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Tínhamos 21 anos, nós três, um inverno rigorosíssimo (estávamos lá na data do dia do amigo), fomos assaltadas, tivemos vários perrengues no voo, no hotel.

Esquisito, esta ser a minha melhor ida a Buenos Aires?
Não, claro que não! De tudo aquilo em que eu acredito, pensando em viagens, pontos turísticos e descrições, estão no Google. Precisamos colocar nossa essência em cada viagem.
Fomos a Puerto Madero, mas andávamos pelas ruas confabulando sobre a Ponte de La Mujer.
Fomos ao Sr. Tango e fizemos o clássico tour com jantar. Saímos de lá e fomos a um bar que amávamos chamado El Álamo. Este bar era exatamente tudo que gostávamos, as músicas, as bebidas, as companhias.
Fomos ao El Caminito e ao estádio de futebol clássico Boca Júnior. Só que, saindo de lá, fomos para Palermo e ficamos por horas andando nas ruas e rindo! Exatamente nós.
Fomos ao clássico túmulo da Evita Perón e na Florallis Genérica, mas amamos a exposição do MALBA e ficamos novamente horas e horas no museu. Fomos ao Rosedal e seus vários jardins.
Voltávamos sempre rindo pelas ruas, passando frio a cada esquina. Entramos na Livraria El Ateneo e ficamos tempos e tempos.
Fomos à Casa Rosada. Vimos as Mães da Plaza de Maio. Fomos a um concerto gratuito no Teatro 13 de Maio!
Esperamos um domingo para irmos à feirinha de San Telmo.
Fizemos compras populares, fomos à Galeria Pacífico, fomos assaltadas, fomos à polícia.
Mudou alguma coisa? Não!
Tínhamos os passaportes guardados, dinheiros distribuídos entre nós, doleira e muita segurança em ser quem somos.
O que quero lembrar aqui é que toda e qualquer viagem diz muito mais sobre sermos nós mesmos do que sobre o destino. Tenho raras fotos, mas uma vasta memória.
Concluo com o raciocínio que, quando olho para trás, vejo poucas amigas assim sozinhas, poucas mulheres viajando entre elas. Montando seus próprios roteiros. Entretanto, isso tudo sempre fui tão normal para nós! Hoje percebo o quanto sou privilegiada por esta autonomia.
Amo Buenos Aires, ainda espero voltar muitas e muitas vezes! Mas… uma é a certeza, volto sendo sempre eu.