Histórias do carnaval: quando a festa de Momo não ocorreu no Brasil?
Neste sábado estaríamos registrando o chamado Enterro dos Ossos, evento que determina o final do Carnaval, e que há muito caiu em desuso, assim como o Grito de Carnaval, promoção realizada próxima ao Ano Novo, que anunciava o início da festa em fevereiro, e que atualmente também vem ocorrendo em março, nos chamados eventos fora de época.
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Contudo neste ano em virtude da pandemia da covid 19 a maior festa popular do Brasil foi cancelada, e para alguns somente adiada porque em muitos estados há o aceno por parte dos governadores, que a folia de Momo ainda pode ocorrer no segundo semestre caso a vacinação atinja números satisfatórios. Menos em Camaquã onde a folia não ocorre há cinco edições e nem tem previsão de retorno.
Embora a palavra história possa remeter a acontecimentos pessoais este também não é um artigo sobre romances de carnaval que deram certo ou aventuras de alcova movidas pela paixão nos dias de Momo. Trata-se de uma rememoração referente aos anosem que não se teve Carnaval no Brasil.
Um pouco de história. Mais de um século depois o Carnaval deixa de acontecer no Brasil devido ao avanço do corona vírus. Mesmo durante a II Guerra Mundial o evento não foi cancelado. Neste período, nebuloso porque passou a humanidade, entre 1942 e 1945, quando o país entrou no conflito, o brasileiro continuou pulando carnaval. Os governantes decretaram somente que estrangeiros dos países que estavam em guerra com o Brasil, em particular alemães, italianos e japoneses não poderiam participar da festa.
O único momento em que a folia de Momo deu um tempo foi em 1917-18 devido a I Guerra Mundial, mas principalmente em virtude da gripe espanhola. No Rio de Janeiro – antiga capital federal – foram 15 mil mortes: “O Rio é um vasto hospital” era a manchete da época na Gazeta de Notícias; as pessoas morriam pelas ruas – “era uma enchente de caixões” – escreveu outro jornal.
Mas em 1º de março de 1919, houve o carnaval da revanche, escreveu o cronista Ruy Castro: “A grande desforra contra a peste que dizimou a cidade”. Um ano antes havia sido fundado o Cordão do Bola Preta, uma das mais famosas entidades carnavalescas do país, que até os dias de hoje é um símbolo do Carnaval de Rua carioca arrastando multidões.
Se o Carnaval é a festa da carne nada mais coerente que se cuide do corpo, afinal a vida é uma só, e festas podem ser realizadas em outros momentos. Que a vacina venha logo para que possamos desfrutar não somente de uma folia carnavalesca mas reencontrar os amigos e celebrar a vida, afinal como diz o samba-enredo: “Liberdade… liberdade abre as asas sobre nós.”
Ilustração: Capa da Gazeta de Notícias /RJ (1919)
Clic Humor com Sabedoria:“Se a única coisa que o homem tem certeza é a morte; a única certeza do brasileiro é o carnaval no próximo ano.” (Graciliano Ramos).